Uivo de Liberdade
“O céu estava limpo e o ar, pela sua própria leveza, instalava uma sensação de paz e bem estar na alcateia. Um pequeno pássaro cantava, invisível, num arbusto. Algures, no cimo de uma árvore, um esquilo-vermelho tagarelava. Um renque de faias farfalhava as suas folhas em forma de coração e, acima, soavam os suspiros mais ásperos dos pinheiros.
Siverfeet rolou sobre o peito e bocejou. Sorria. E de súbito, ali deitado, apontou a cabeça para o céu e deu largas à sua satisfação numa série de uivos musicais. Imediatamente todos os lobos se lhe juntaram, alguns sentando-se, outros erguendo-se. As sua vozes elevavam-se e baixavam num concerto espontâneo, incitado por uma alegria eufórica.
A agradável melodia pairou sobre a floresta e desvaneceu-se. Siverfeet bocejou de novo e rolou sobre o flanco, pousando a cabeça numa das grandes patas.
Em tempos, anos antes, uivara a sua angústia. Hoje, uivava a sua liberdade.”
R. D. Lawrence, in «Uivo de Liberdade»
Dave Granlund
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