Notas ao café…

A misteriosa Mrs. Christie

Posted in notas ao café by JN on Setembro 20, 2008

Gravações esquecidas há mais de meio século dão uma nova perspectiva sobre a misteriosa vida de uma das maiores escritoras de livros policiais e uma das rainhas do mistério do século XX, Agatha Christie. Nas quase 14 horas de monólogo, gravadas nos anos 60, a Sra. Christie fala da sua vida, da sua escrita e das personagens que criou:

I have now no recollection at all of writing Murder in the Vicarage. I don’t even remember why it was that I selected a new character, Miss Marple, to act as a sleuth in the case. Certainly, at the time I had no intension of continuing her for the rest of my natural life.

I didn’t know then that she would become a rival to Hercule Poirot. People never stop writing me nowadays to suggest that Miss Marple and Hercule Poirot should meet but why should they meet? I’m sure they would not like meeting at all.

Hercule Poirot, a complete egoist, would not like being taught his business or having suggestions made to him by an elderly spinster lady.

Talvez agora se possa descobrir um pouco mais da vida desta misteriosa senhora.


Agatha Christie
Eduardo Delabarra

Mulheres na política

Posted in notas ao café by JN on Setembro 20, 2008


Angel Boligan, «El Universal»

Desde o ganhar o direito ao voto que as mulheres já conquistaram muito na batalha por direitos políticos iguais. mas em certos aspectos, este progresso parece ser lento. Passaram 100 anos desde que uma mulher foi eleita pela primeira vez para um parlamento, e 100 anos depois apenas 18 por cento dos lugares parlamentares em todo o mundo são ocupados por mulheres. Para combater isto, muitos países introduziram certas regras, cotas, para ajudarem as mulheres a serem eleitas. Na introdução destas regras o Ruanda é o mais bem sucedido – 30 por cento dos lugares no parlamento são para mulheres -; tornou-se o primeiro país a eleger um parlamento maioritariamente feminino.

Opositores ao sistema de cotas dizem que mulheres como Tzipi Livni, actual líder do partido maioritário em Israel e quem irá substituir Ehud Olmert na chefia do governo israelita, não precisam deste tipo de regras para nada. Seja lá com for, o debate prossegue em muitos países. Pela parte que toca a este vosso escriba, concordo que as mulheres não precisam de cotas para nada.

[Fonte: The Economist]

Azares lucrativos

Posted in notas ao café by JN on Setembro 19, 2008


RJ Matson, «The St. Louis Post Dispatch»

Com os mercados assustados com a quantidade de possíveis falência e com toda a gente sem saber onde isto tudo pode parar, a Reserva Federal norte-americana em conjunto com o Banco Central Europeu, o Banco Central do Japão e muitos outros decidiram injectar nos mercados internacionais 124,4 mil milhões de euros. Objectivo: evitar situações de pânico ocorridas nos últimos dias nos mercados financeiros internacionais e que foram incentivadas pela falência do banco Lehman Brothers, na segunda-feira. Basicamente (muito mesmo), travou-se a subida das taxas de juro e já é possível os bancos emprestarem dinheiro, principalmente uns aos outros.

Parece que os mercados gostaram desta injecção de capital; Wall Street, onde tudo começou acordou mais aliviada e até cresceu.


Chappatte, «Le Temps»

No Washington Post, Harold Meyerson decide olhar a crise finaceira com outros olhos. Para Meyerson não há dúvida nenhuma sobre o que se passou e que levou à derrocada de economia americana e com ela, por arrasto, a do resto do mundo. A culpa está na falta de investimento de Wall Street na economia americana, sempre à procura de mercados mais interessantes e lucrativos; a falta de criação de emprego, a aposta em salários baixos, a política desastrosa iniciada na época de Ronald Reagan e culminda com George W. Bush:

Over the past eight years, the U.S. economy has created just 5 million new jobs, a number that is falling daily. The median income of American households has declined. Airports, bridges and roads are decaying. Rural wind-power facilities cannot light cities because our electrical grid has not been expanded. New Orleans has not been rebuilt. And as productive activity within the United States has ceased to be the prime target of investment, household consumption — more commonly known as shopping — has come to comprise more than 70 percent of our economy.
The banks’ underinvestment in America was hardly due to a lack of capital. But even as petrodollars and China’s dollars poured into Wall Street, the investment houses directed trillions into new and ever more dubious credit instruments, which yielded massive profits for Wall Streeters and their highflying investors, and put chump change into efforts to improve, to take just one example, American transportation.
[…] Worse yet, as Wall Street turned its back on America, so did government. The Bush administration and congressional Republicans (John McCain among them) kept American incomes low by opposing hikes in the minimum wage; helping employers defeat unionization; and shunning policies to modernize infrastructure, make college more affordable, and boost spending on basic science and research.


Nate Beeler, «The Washington Examiner»

Mas Deus nos livre (ainda me torno religioso) de alguém impedir o bom percurso do Capitalismo e da Globalização; o mercado acima de tudo, o lucro em primeiro. O resultado está aí, e se algo correr mal há sempre o dinheiro dos contribuintes para ser injectado para salvar os pobres contribuintes do «azar lucrativo» de outros.

A «humilhação» de Mugabe

Posted in notas ao café by JN on Setembro 18, 2008

Robert Mugabe admite que a partilha de poder é uma situação desconfortável, mas diz não existir alternativa. E como não há outra alternativa face à derrota nas eleições legislativas de Março vê-se obrigado a aceitar a «humilhação» do acordo de partilha do governo com Morgan Tsvangirai. «Se não nos tivéssemos descuidado nas eleições de Março não estaríamos a enfrentar esta humilhação. Mas é com isto que temos de lidar», disse o «humilhado» Sr. Mugabe.

Muita coisa e muitos princípios foram humilhados neste processo, o Sr. Mugabe também terá que aceitar o seu pequeno desconforto.


Rainer Hachfeld, «Neues Deutschland»

Comunicar pela música

Posted in cinema ao café, palavras ao café by JN on Setembro 18, 2008

«A música pode ser o exemplo único do que poderia ter sido – se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras, a análise das ideias – a comunicação das almas.»

Marcel Proust, «À Procura do Tempo Perdido»

No comments (53)

Posted in no comments by JN on Setembro 18, 2008


Matson, «Roll Call» & «Cagle Cartoons»

Um problema de seguradora

Posted in notas ao café by JN on Setembro 18, 2008


Chappatte, «The International Herald Tribune»

Wall Street está de novo na boca do mundo. Se a falência do banco Lehman Brothers gerou um certo pânico nos mercados internacionais o possível colapso da American International Group (AIG) piorou as coisas. A sua falência provocaria uma reacção em cadeia de consequências incalculáveis, já que a sua carteira de activos ascende a um milhão de milhões de dólares. Para além da sua actividade seguradora, que se falhasse levaria ao esvaziamento dos fundos de garantias dos 130 países onde opera.


John Cole, «Scranton Times-Tribune»

Não foi preciso esperar muito para que a Reserva Federal (FED) viesse com um plano para salvar a AIG. O NY Times chama a esta intervenção «the most radical intervention in private business in the central bank’s history.» Digamos que o governo americano, na eminencia de mais um furação de efeitos devastadores, fez o que tinha a fazer; assim como com o que aconteceu com o Freddie Mac e a Fannie Mae, nacionalizou a AIG.


Paul Fell, «Artizans»

Os tais mesrcados é que não parecem estar descansados; as ações em Wall Street sofreram mais uma queda nesta quarta-feira, com o índice Dow Jones registrando o segundo pior desempenho do ano, fechando em baixa de mais de 4 por cento.

Quem ficou desapontada com a acção do FED, foi a Sra. Sarah Palin:

«Dissapointed that taxpayers are called upon to bailout another one,» she said. «Certainly AIG though with the construction bonds that they’re holding and with the insurance that they are holding very, very impactful to Americans so you know the shot that has been called by the Feds its understandable but very, very disappointing that taxpayers are called upon for another one.»

O desapontamento da Sra. Palin pode parecer meio confuso (muitos pensam isso mesmo), mas foi a primeira vez que a senhora governadora respondeu a uma pergunta da imprensa de imediato, sem pensar, sem ajuda. Da próxima talvez saia melhor.


Mike Lane, «Cagle Cartoons»

E se a economia já estava no centro da campanha americana, desde a falência do Lehman Brothers este assunto entrou mesmo na campanha. E era o que o Sr. Obama precisava para «descentralizar» a campanha da Sra. Palin. Se a senhora já mostrou que está pouco à vontade no assunto, John McCain sempre afirmou que de economia pouco sabia. Se antes o Sr. McCain dizia que os contribuintes americanos não deviam pagar pelos problemas da AIG, depois da intervenção do FED parece ter mudado de opinião:

«I didn’t want to do that, but there are literally millions of people whose retirement, whose investment, whose insurance were at risk here.»


Ed Stein, «Rocky Mountain News»

E depois de, há que o referir, as sondagens mostrarem que os americanos confiam mais nos Democratas que nos Republicanos em questões de economia. E com o que disse sobre a boa saúde da economia americana recentemente, tinha que dizer algo.


Victor Harville, «Stephens Media Group»

Parodias com revistas

Posted in notas ao café by JN on Setembro 18, 2008

Andrew Hearst do Panopticist é um mestre em parodiar capas de revistas conhecidas que podem ser vistas aqui. Aqui estão dois exemplos do trabalho de Hearst: o primeiro feito com a The Economist e o segundo com a Foreign Affairs:

Análise aprofundada

Posted in notas ao café by JN on Setembro 18, 2008


«Victor Harville, Stephens Media Group»

A Autoridade da Concorrência garante que vai analisar o desfasamento entre a queda do preço do petróleo nos mercados internacionais e os preços finais praticados pelas gasolineiras; em comunicado afirma que fará uma «análise aprofundada» da questão.

Uma outra «análise aprofundada» do género já não tinha sido feita antes? Penso que não haverá surpresas com estes novos relatórios, agora mensais, que serão divulgados. Mas sempre vou ficar à espera de ver esta entidade a actuar atempadamente, «fazendo uso da sua competência sancionatória», se se verificarem existência de «práticas anómalas ou factores que afectem a concorrência do mercado.»


O’Farrell, «The Illawarra Mercury»

Almirante Sarkozy

Posted in notas ao café by JN on Setembro 17, 2008

Como um autêntico herói tirado dos livros de aventuras, o Presidente Nicolas Sarkozy enviou uma unidade de tropas francesas para salvar dois franceses que tinham sido capturados por piratas enquanto faziam um pequeno cruzeiro a bordo do seu iate. Nos últimos cinco meses, esta é a segunda operação francesa deste tipo. Como se o acto heróico não fosse suficiente, o presidente francês pede agora uma cruzada global contra a pirataria.


Petar Pismestrovic, «Kleine Zeitung»

A actividade ilegal está a aumentar impedindo, muitas das vezes, que ajuda humanitária – como alimentos e medicamentos – não chegue à Somália. A costa marítima desta região está entre as regiões mais perigosas do mundo e o número de ataques no Golfo de Aden – 54 apenas este ano – aumentou recentemente. Piratas da Somália ainda mantêm 150 reféns e 15 navios em Eyl.

A UE já anunciou que irá manter uma unidade naval cujo missão será a de auxiliar na protecção e vigilância das actividades na zona de países membros da UE.


Chappatte, «The International Herald Tribune»

Mais uma vez o Presidente Nicolas Sarkoz consegue agarrar o protagonismo da política internacional; na semana passada como mediador no Médio Oriente e agora como protector dos mares. Para este senhor não há limites.

Sarah & Hillary

Posted in notas ao café by JN on Setembro 16, 2008


Daryl Cagle, «MSNBC.com»

A camapanha de John McCain está em guerra como o «Saturday Night Live», da NBC. No preogram, as actrizes Tina Fey e Amy Poehler personificaram Sarah Palin e Hillary Clinton respectivamente. Responsáveis pela campanha de John McCain gostaram pouco da forma como a sua estrela Sarah foi representada:

«The portrait was very dismissive of the substance of Sarah Palin, and so in that sense, they were defining Hillary Clinton as very substantive, and Sarah Palin as totally superficial,» Fiorina told MSNBC earlier Monday. «I think that continues the line of argument that is disrespectful in the extreme, and yes, I would say, sexist in the sense that just because Sarah Palin has different views than Hillary Clinton does not mean that she lacks substance.»

O vídeo está aí; cada um que tire as suas conclusões.

Vodpod videos no longer available.

Furações económicos

Posted in notas ao café by JN on Setembro 16, 2008


Randy Bish, «Pittsburgh Tribune-Review»

Más notícias para todos os assalariados do mundo. A crise do mercado imobiliário continua a fazer vítimas; o Lehman Brothers, um dos maiores bancos dos EUA, declarou falência e logo os mercados vieram abaixo – como sempre costuma acontecer nestes casos – porque muito pensavam que bancos desta dimensão conseguiriam suportar o embate das crises de crédito e do subprime; pelo visto não aguentaram.


Mike Lane, «Cagle Cartoons»

Se Teixeira dos Santos se manifesta surpreendido com a duração desta instabilidade que tem afectado os mercados financeiros, agravada com o anúncio da falência do Lehman Brothers, já o FMI não se mostra nada surpreendido como ainda espera mais falências. mas talvez haja alguma esperança; Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia, disse que a crise financeira deverá ser menos grave do que a de 1929, já que «hoje dispomos de instrumentos» para «evitar uma grande depressão», mesmo que não seja necessário fazer prova de «excesso de confiança». Esperemos que sim e que coloquem esses «instrumentos» a funcionar bem depressa.

E para assegurar o sossego de todos, George W. Bush, que acredita na capacidade do mercado para enfrentar «ajustamentos», já veio a público garantir que a sua Administração está a trabalhar para reduzir o impacto da crise financeira na economia. Se isto não sossegar o mundo não sei o que fará.


Paul Zanetti, «Politicalcartoons.com»

A quem também não correu muito a falência do Lehman Brothers foi a John McCain. O senhor que discursava num comício na Florida atirou para a assistência que os alicerces da economia estavam fortes. Não se pode dizer que o timing tenha sido o melhor. E a campanha de Obama não perdeu o seu tempo. E isto irá dar o que falar, como seria de esperar.


Mike Lane, «Cagle Cartoons»

No Zimbabwe, o acordo possível

Posted in notas ao café by JN on Setembro 16, 2008

No Zimbabwe chegou-se a um acordo de partilha de poder. Robert Mugabe e Morgan Tsvangirai finalmente (embora não seja nem de longe nem de perto a situação ideal) conseguiram entender-se num acordo que em muito beneficia o Sr. Mugabe; afinal é o candidato derrotado. O Sr. Mugabe continuará como presidente e comandante das forças armadas e com direito a 15 ministros. Morgan Tsvangirai será o primeiro-ministro, terá o controlo das forças policiais e 16 minstros.

De todas as reacções que procurei por essa blogosfera a melhor é de Kate Cronin-Furman no incontornável Wronging Rights:

Hey, you know what the African continent hasn’t got enough of? Power-sharing governments composed of the people who actually won a democratic election, and the people who said to themselves: «Hey, if I refuse to concede my obvious defeat in this election, maybe 6 months from now, following several rounds of shuttle diplomacy, a raft of traded accusations of genocide, and the complete destruction of my country’s economy, I can demand to be appeased by participation in a new, power-sharing government!»

Esforço vs. Irritação

Posted in notas ao café by JN on Setembro 15, 2008

«O que é escrito sem esforço em geral é lido sem prazer» escrevia Samuel Johnson. Acredito que sim, mas às vezes pergunto se muito desse «esforço» valerá a pena…

[Via: GraphJam]

Tempos modernos (101)

Posted in tempos modernos by JN on Setembro 14, 2008

Identidade

Posted in palavras ao café by JN on Setembro 14, 2008

«Combaterei pelo primado do Homem sobre o indivíduo – como do universal sobre o particular. Creio que o culto do universal exalta e liga as riquezas particulares – e funda a única ordem verdadeira, que é a da vida. Uma árvore está em ordem, apesar das raízes que diferem dos ramos.
Creio que o culto do particular só leva à morte – porque funda a ordem na semelhança. Confunde a unidade do Ser com a identidade das suas partes. E devasta a catedral para alinhar pedras. Combaterei, pois, todo aquele que pretenda impor um costume particular aos outros costumes, um povo aos outros povos, uma raça às outras raças, um pensamento aos outros pensamentos»

Antoine de Saint-Exupéry, in «Piloto de Guerra»


David Fitzsimmons, «The Arizona Star»

Uma eleição para cartoons

Posted in notas ao café by JN on Setembro 14, 2008


Nick Anderson, «Houston Chronicle»

John McCain parece realmente ter um pit bull de batom atrás de si e o sorriso que este senhor carrega consigo para todo lado mostra bem o alívio e renascimento que Sarah Palin trouxe para a sua campanha. E esta já começou a mostrar o porquê do título – não façam é perguntas difíceis à senhora, ainda está a aprender.

O poder de atrair multidões desta senhora só é comparável ao do outro blockbuster das eleições, Barack Obama. A subida de John McCain nas sondagens após a convenção do partido Republicano mostra bem o efeito Palin. Sim é Sarah Palin que o deve; o Sr. McCain até consegue (no momento) ganhar ao Sr. Obama na intenção de voto das mulheres brancas, um grupo que há mais de meio-século pertence aos Democratas. Não é para admirar que John McCain não se canse de ter a Sra. Palin consigo seja lá onde for. Sarah Palin é o seu trunfo, um verdadeiro «culto à personalidade» que está a render.


Matson, «The New York Observer»

Com as sondagens a mostrarem que mais de 80 por cento dos eleitores pensam que os EUA estão a ir na direcção errada, o Sr. McCain decidiu que os eleitores realmente querem «mudança» que sempre foi o lema de Barack Obama. Apesar de uma vida inteira em Washington como político, John McCain decide agora que é preciso mudar, derrubar o sistema de Washington; o Sr. McCain tornou-se a «mudança».


Daryl Cagle, «MSNBC.com»

Mas «mudança» vs. «mudança» para já de mudança trouxe muito pouco. A confusão instalou-se nestas eleições. «You can put lipstick on a pig, but it’s still a pig», disse Barack Obama num discurso na terça-feira; com isto lançou a campanha para a Casa Branca numa imensa troca de comentários sem qualquer préstimo e que vai dar ainda muito que falar em muitos debates.

Não foi preciso esperar muito para que o staff de John McCain viesse numa conferência de imprensa exigir que o Sr. Obama apresentasse um pedido de desculpas a Sarah Palin por ter chamado à senhora «porca» – não acredito que fosse esta a intenção do Sr. Obama (é uma frase comum no discurso dele, e John McCain também já a usou), mas tudo vale em política especialmente numa campanha. E a controvérsia, como era de esperar e tal era o objectivo, aumentou.


Nate Beeler, «The Washington Examiner»

O Sr. Obama respondeu (quase ofendido): «Nobody actually believes that these folks are offended.» Pois não; até devem ter ficado agradecidos ao senador Obama por este «presente»; a campanha de John McCain vive de momentos destes, esperam sempre pela «bola» que vem do lado contrário o que é sempre mais fácil do que ter ideias. Deve ser por isto que chamam a esta época silly season.

O Sr. Obama, no calor do momento, também disse: «You can wrap an old fish in a piece of paper called ‘change;’ it’s still going to stink after eight years.» Verdade outra vez. E agora? Será que o Sr. McCain vai exigir que o Sr. Obama também peça desculpa pelo «peixe velho»?


Adam Zyglis, «The Buffalo News»

Claro que Barack Obama também tem os seus momentos de refúgio na «zona dos ofendidos». Não é preciso esperar muito, sempre que alguém o critica, Obama grita «Swift boat politics» – uma lembrança de um acontecimento da campanha de 2004 que colocou o currículo militar e o carácter do candidato John Kerry em causa.

Parece que a campanha vai continuar numa série de ataques pessoais ao candidato Barack Obama; este irá defender-se e, talvez, da mesma forma. Logo se verá. Mas, e para já, os protagonistas já estão definidos: o já famoso Barack Obama e a estrela do norte, salvação da pátria conservadora americana, Sarah Palin – John McCain será agora secundário, Joe Biden já o era.


Nate Beeler, «The Washington Examiner»

Quem ganha nisto tudo? Os americanos talvez não, mas os cartoonistas (e não só americanos) devem achar que estão no céu.

Vítimas civis no Afeganistão

Posted in notas ao café by JN on Setembro 13, 2008

O jornal londrino The Times divulgou ontem um vídeo que mostra vítimas civis (algumas dezenas) causadas por um ataque aéreo americano nos finais de Agosto no Afeganistão.

O Pentágono que sempre insistiu que o número era limitado a 5 vítimas civis, as restantes vítimas seriam guerrilheiros Taliban, é agora confrontado com a divulgação do The Times. O filme, que foi feito por um médico na manhã seguinte ao ataque aéreo, deixa pouco lugar a dúvidas sobre as vítimas.


Michael Kountouris, «Politicalcartoons.com»

Para a Human Rights Watch esta acto constitui um grave problema e não apenas para a reputação dos EUA no Afeganistão; as vítimas, segundo a HRW houve 321 vítimas civis este ano, podem provocar uma maior crise humanitária na região:

In every case investigated by Human Rights Watch where airstrikes hit villages, many civilians had to leave the village because of damage to their homes and fear of further strikes. People from neighboring villages also sometimes fled in fear of future strikes on their villages. This has led to large numbers of internally displaced persons.

Stephen Colbert vai para o espaço

Posted in notas ao café by JN on Setembro 12, 2008

Se o aquecimento global do planeta, armas de destruição massiva, uma epidemia ou qualquer outro tipo de catástrofe (natural ou não) destruir a Humanidade, nem tudo estará perdido. E isto porque o DNA de Stephen Colbert, um homem que está no top dos vinte intelectuais mundiais, vai ser preservado para a posterioridade.

No próximo mês, uma cópia digitalizada do DNA do Sr. Colbert vai ser enviada para a Estação Espacial Internacional, algo que se enquadra na «Operação Imortalidade», um projecto de Richard Garriott. Este projecto visa preservar DNA  humano, a História dos maiores feitos da Humanidade e mensagens pessoais para o futuro. No caso da humanidade se extinguir, possíveis aliens que por aqui passem podem clonar o Homo Sapiens e com eles um novo Stephen Colbert – o bom (e inteligente) humor será preservado. Ao mesmo tempo um sonho do Sr. Colbert é também realizado:

«I am thrilled to have my DNA shot into space, as this brings me one step closer to my lifelong dream of being the baby at the end of 2001,» Colbert said in a statement, referring to the 1968 landmark science fiction film «2001: A Space Odyssey.»

Vodpod videos no longer available.


Acordo no Zimbabwe

Posted in notas ao café by JN on Setembro 12, 2008

Depois de meses de impasse, Robert Mugabe parece finalmente estar de acordo com a partilha de poder no Zimbabwe. O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, pouco disse sobre o acordo alcançado; apenas referiu que o acordo será assinado na segunda-feira e os termos deste acordo serão revelados apenas nessa altura. Embora não exista nenhum comentário por parte de Mugabe, o líder da oposição Morgan Tvsangirai confirmou a existência de tal acordo.


Randy Bish, «Tribune-Review»

Embora o partido do Sr. Tvsangirai tenha ganho as eleições, até hoje Robert Mugabe tinha recusado qualquer tipo de acordo, lançando o país numa espiral de violência. Grupos de defesa dos direitos humanos estimam que mais de 100 apoiantes do partido da oposição tenham sido mortos desde Março e a oposição recusou-se a participar numa segunda volta das eleições em Junho. Como resultado, a situação política no Zimbabwe ficou completamente bloqueada e a mediação de Thabo Mbeki falhou em obter quaisquer resultados durante meses.

Embora a «partilha de poder» possa não ser a melhor das situações, traz consigo alguma esperança para este país no restauro da paz e estabilidade para o Zimbabwe. Mas tudo vai depender da boa vontade de Robert Mugabe.

Tensões no Árctico

Posted in notas ao café by JN on Setembro 12, 2008

Depois do Cáucaso surge um novo conflito, que até nem é assim tão novo. O conflito é agora no Árctico devido a fronteiras mal definidas, algo que a diminuição da gelo polar não veio ajudar. Segundo a BBC:

Speaking to the BBC during an Arctic patrol flight, Rear Adm Gene Brooks, in charge of the Coast Guard’s vast Alaska region, appealed for a diplomatic deal.
«The potential is there with undetermined boundaries and great wealth for conflict, or competition. «There’s always a risk of conflict,» Adm Brookes said.
He added that this was especially the case «where you do not have established, delineated, agreed-upon borders».
Russia is staking the largest claim to the Arctic, after planting a flag at the North Pole last summer, but Denmark, Norway, Canada and the United States are all involved in border disputes as well.


Chappatte, «Cartoons on World Affairs»

O Pólo Norte tornou-se uma ilha

Posted in notas ao café by JN on Setembro 12, 2008

Do Tasmanian Times:

The North Pole has become an island for the first time in human history as climate change has made it possible to circumnavigate the Arctic ice cap. The historic development was revealed by satellite images taken last week showing that both the north-west and north-east passages have been opened by melting ice. Prof Mark Serreze, a sea ice specialist at the National Snow and Ice Data Centre (NSIDC) in the US said the images suggested the Arctic may have entered a «death spiral» caused by global warming.

Shipping companies are already planning to exploit the first simultaneous opening of the routes since the beginning of the last Ice Age 125,000 years ago. The Beluga Group in Germany says it will send the first ship through the north-east passage, around Russia, next year, cutting 4,000 miles off the voyage from Germany to Japan.

[…] The satellite images gathered by Nasa show that the north-west passage opened last weekend and the final blockage on the east side of the ice cap, an area of sea ice stretching to Siberia, dissolved a few days later. Last year the extent of sea ice in the Arctic reached a record low that could be surpassed in the next few weeks, with some scientists warning that the ice cap could soon vanish altogether during summer.


Nate Beeler, «Washington Examiner»

No comments (53)

Posted in notas ao café by JN on Setembro 11, 2008


Ed Stein, «The Rocky Mountain News»

A MAD nas eleições americanas

Posted in notas ao café by JN on Setembro 11, 2008

Na capa da revista MAD de Setembro, a cara de Alfred E. Neuman, a eterna «mascote» da MAD, sofre uma fusão com a de Barack Obama:

Como não podia deixar de ser – e há mais de 50 anos que esta revista está na linha da frente à sátira da cultura pop dos nossos dias – a MAD dedica alguma atenção às eleições americanas; a cobertura da MAD centra-se em posteres de filmes e neles há um total colisão entre a política e a cultura pop:

A a edição de Setembro não poderia esquecer a nova estrela da política americana, Sarah Palin:

[Via: Huffington Post]

Vida que escapa…

Posted in palavras ao café by JN on Setembro 11, 2008

«[…] todas as coisas agradáveis acabam por amargar; todas as flores murcham quando as colhemos, e o amor morre tanto mais depressa quanto é mais retribuído. Por isso o passado parece-nos sempre melhor que o presente; esquecemos os espinhos das rosas colhidas; saltamos por cima dos insultos e injúrias e demoramo-nos sobre as vitórias. O presente parece muito mesquinho diante de um passado do qual só retemos na memória o bom, e diante de um futuro que ainda é sonho. O que alcançamos nunca nos contenta; «olhamos para diante e para trás em procura do que não está ali»; não somos bastante sábios para amar o presente do mesmo modo que o amaremos quando se tornar passado. Quando mergulhamos num prazer, o nosso olhar vai para longe – a felicidade ainda não está alcançada apesar de termos o deleite nos nossos braços. Que mau demónio nos afeiçoou assim?»

Will Durant, in «Filosofia da Vida»


Shannon Wheeler, «Too Much Coffee Man!»

Para o próximo Presidente

Posted in notas ao café by JN on Setembro 11, 2008


Steve Sack, «The Minneapolis Star-Tribune»

Muitas vezes é de perguntar porque Barack Obama e John McCain tanto querem o cargo de Presidente dos EUA. No dia em que um deles ocupar a cadeira da Sala Oval da Casa Branca, «dores de cabeça» é o que me vem ao pensamento. Basta ler o Washington Post:

An intelligence forecast being prepared for the next president on future global risks envisions a steady decline in U.S. dominance in the coming decades, as the world is reshaped by globalization, battered by climate change, and destabilized by regional upheavals over shortages of food, water and energy.
The report, previewed in a speech by Thomas Fingar, the U.S. intelligence community’s top analyst, also concludes that the one key area of continued U.S. superiority — military power — will «be the least significant» asset in the increasingly competitive world of the future, because «nobody is going to attack us with massive conventional force.»


Randy Bish, «Tribune-Review»

É baseado no relatório Global Trends 2025 que antecipa as ameaças à América nas próximas décadas. E não são nenhuma surpresa: diminuição da influência económica dos EUA, instituições internacionais mais com menor influência, insegurança e competição energética, e instabilidade económica a nível mundial devido a alterações climáticas.

O mais interessante (e curioso) como assinala o Post, é a ausência do terrorismo nessa lista. Thomas Finger ignora qualquer ameaça vinda do Paquistão, focando-se em vez disso no perigo de um Irão com armas nucleares. Parece que é um recado para alguém.


Steve Sack, «The Minneapolis Star-Tribune»

Como fazer um (bom) blog

Posted in notas ao café by JN on Setembro 11, 2008

Não costumo dar a este tipo de assunto muita atenção. Não porque o acho irrelevante, antes pelo contrário. Falta de tempo e/ou paciência, uma mistura deles. Mas há uns tempos atrás, Merlin Mann, no 43 Folders escreveu um interessante post sobre o que ele pensa que faz um blog ser um «bom blog» e porque são tão raros: «What Makes for a Good Blog?»

Good Quality Pet Blogging

A Google e a estratégia africana

Posted in notas ao café by JN on Setembro 11, 2008

No Google Africa Blog lê-se o seguinte:

An important aspect of Google’s mission is to make information universally accessible. Unfortunately, in many less developed areas of the world, particularly countries in Africa, access to the Internet is scarce and expensive. Today, we are pleased to let you know about one way we’re helping to address this problem: by investing in O3b Networks. O3b’s mission is to provide high-speed, low-cost Internet connectivity to the «other 3 billion» people in emerging markets in Asia, Africa, Latin America and the Middle East.

Ate aqui tudo parece bem. Mas o fundador da O3b é um tal Greg Wyler que com a sua companhia Terracom esteve associado a um processo semelhante no Ruanda. Pode ser que tenha aprendido a lição e não vá repetir os mesmos erros. Desejo sucesso à Google; a iniciativa é honrosa.


Michael Kountouris, «Politicalcartoons.com»

Não sou adepto de teorias da conspiração e até acredito que a filantropia existe e a Google até é um bom exemplo. Mas neste mundo pouco coisa é gratuita. Nos últimos tempos a Google lançou um novo browser, um satélite e agora quer rede de alta velocidade para África; talvez uma nova estratégia da Google para ser a primeira num mercado ainda pouco explorado de três mil milhões de possíveis futuros clientes. Aqui está uma ideia capaz de agradar à Google; um excelente objectivo comercial cujos meios para o atingir até beneficiam muitos.

Mas se a Google realmente quer colocar a informação acessível aos mais pobres, há um passo também muito simples: eliminar o copyright do Google Books para os IP’s africanos. Seria o maior acto de transferência de conhecimento da História.

De regresso ao Big Bang

Posted in notas ao café by JN on Setembro 10, 2008


Foto: Claudia Marcelloni/Wired

O Large Hadron Collider (LHC), o maior acelerador de partículas e o maior e mais complexo instrumento científico já construído, que poderá responder algumas questões fundamentais sobre o início do Universo, começou a funcionar hoje.

O LHC foi projectado para fazer colidir partículas de protões quase à velocidade da luz. Partículas de protões já circulam dentro de um túnel de 27 quilómetros de circunferência que abriga o LHC. O próximo passo será projectar outras partículas na direcção oposta para que possam colidir, recriando as condições que existiam no universo imediatamente após o Big Bang.

Esquema da localização do LHC.

Esquema da localização do LHC.

O LHC é composto de milhões de peças individuais; são usados 9600 ímanes para forçar os feixes de protões e iões de chumbo a dobrarem as curvas deste túnel circular. Estes ímanes estão arrefecidos com 60 toneladas de hélio até uma temperatura ainda mais baixa do que a do espaço profundo: 271,25 graus negativos, perto do zero absoluto. No seu interior, concentradas num espaço inferior ao de um átomo, atingir-se-ão temperaturas 100 mil vezes superiores às do centro do Sol.

Elogio à biografia

Posted in notas ao café by JN on Setembro 10, 2008


Matt Wuerker, «Politico.com»

No Washington Post, Eugene Robison, escreve que John McCain conduz a campanha política mais egocêntrica de que há memória. Depois de ridicularizar o papel de «estrela mediática» de Obama – que também sabe falar muito bem de si – o senador McCain, como escreve Robison, parece ter centrado a sua campanha em três palavras: me, me, me.

E com a nova estrela desta campanha, Sarah Palin, o duo McCain-Palin transformou esta campanha num elogio à biografia destes dois candidatos – dois sim, porque a nomeação de Sarah Palin fez com que pela primeira vez, os candidatos a vice-presidente fossem importantes – como escreve o Politico, «McCain, Palin push biography, not issues»:

In the past week, McCain — with new running mate Sarah Palin always close by his side — has transformed the Republican campaign narrative into what amounts to a running biography of this new political odd couple.
In the duo’s new stump speech and their first post-convention ad, the impression campaign strategists hope to leave is unmistakable. McCain is the war hero. Palin is the Every­mom. And together, they will rattle Washington.
[…] There is also significant danger for a campaign that emphasizes the personal over policy: The allure of even the most compelling — or unorthodox — life story can fade, begging the question: Where’s the beef? For McCain, the answer comes largely in policy positions that mirror those of an unpopular president, and for Palin, her brief time as a public figure prompts many more questions than answers.
But the McCain campaign is betting its best chance to win is by aiming for the gut, not the heads, of voters.


Victor Harville, «Stephens Media Group»

No momento a estratégia republicana está a dar os seus frutos e em muitas sondagens McCain está à frente de Obama, facto a que não será alheio o factor Palin. A senhora é a mulher do momento, capa de revistas, estrela de comícios e o entusiasmo renascido do partido Republicano. Quanto irá durar estefenómeno não o sei. Mas nem tudo serão facilidades para a Sra. Palin; as entrevistas na televisão irão surgir e o debate entre esta e Joe Biden – que terá uma importância como nenhum outro teve. E os Democratas não irão deixar de ligar McCain e Palin a George W. Bush. Mais cedo ou mais tarde a estratégia biográfica de McCain-Palin irá falhar; talvez aí os tais issues começem a contar.


David Horsey, «Seattle Post-Intelligencer»

Vais ser uma longa campanha; mas acredito que será uma interessante de seguir.